INTRODUÇÃO
I. QUEM ERAM OS MIDIANITAS
1. Um povo idólatra (Nm 22.4-7; 25.1-6):Trata-se de um povo descendente de Abraão e sua mulher Quetura (Gn 25.1-6). Os midianitas tornaram-se idólatras e exerceram uma influência maléfica sobre Israel. Associaram-se aos moabitas e aos amalequitas com o propósito de destruir Israel. Foi uma raça trabalhadora, rica e dominante no comércio (Nm 31; Jz 8; Is 60.6). Afirmam os estudiosos serem os midianitas os primeiros que domesticaram e usaram camelos.
2. Estranho as alianças: Embora os midianitas tivessem direito às promessas feitas a Abraão, valeram-se do livre arbítrio e tomaram caminhos que desagradaram a Deus. Assim, ficaram alienados das alianças divinas.
Quando uma pessoa ou um povo rejeita a bênção de Deus, suas ações tornam-se impiedosas. Foi o que aconteceu com os midianitas. Durante sete anos oprimiram a Israel com tal crueldade, que muitos hebreus refugiaram-se em cavernas (Jz 6.1,2). O jovem Gideão livrou Israel de um desses períodos de opressão (Jz 6.7,8,35).
3. Alcançados pela misericórdia de Deus (Dt 7.9; 2 Co 1.3): Embora sendo um povo desviado dos caminhos de Deus, Moisés, que durante quarenta anos esteve em Midiã como pastor de ovelhas, teria instruído aquele povo no conhecimento de Jeová. Logo, conhecendo o verdadeiro Deus, Jetro prestou culto a Jeová, oferecendo sacrifício ao Senhor, pois o Deus que ele seria era o mesmo de Moisés (Ex 18.10-13). Assim sendo, ao pior pecador, Deus tem providenciado um eficiente meio de salvá-lo, por Sua infinita misericórdia (Tt 2.11).
II. JETRO, O SACERDOTE ESTRANGEIRO
Alcançado pela misericórdia de Deus, Jetro é mencionado nas Escrituras como o sacerdote de Midiã (Ex 2.16; 3.1).
1. Jetro tinha conhecimento de Deus (Ex 18.10-13): Nas suas palavras, nestes versículos, demonstrou júbilo por tudo que Jeová tinha feito, e, por isso ofereceu-lhe sacrifícios na presença de todos os anciãos de Israel. Foi um genuíno culto, pois até os mínimos detalhes não foram esquecidos. Era um reconhecimento por muitas bênçãos alcançadas (Sl 116.12-14). Será que o leitor tem procedido de modo semelhante.
2. Servia a Deus com suas limitações: Jetro não possuía os mesmos conhecimentos que o seu genro Moisés a respeito de Deus, conforme indicam os textos (Ex 23.20,23; 32.9-24; 33.11-17). Mesmo assim, foi responsável por um grande culto a Jeová (Ex 18.10-13). Graças a Deus que temos a poderosa ajuda do Espírito Santo, que nos esclarece quanto ao verdadeiro culto racional. Quanta negligência e irreverência encontramos em muitos que dizem cultuar ao Deus vivo e verdadeiro (Rm 12.1; Sl 100.2,3). Quantos saem de um culto, onde se oferecem louvores ao Senhor, pior do que quando entraram no santuário. Se este for o teu caso prezado leitor, corrigi-te imediatamente. Pare de murmurar, Deus não se agrada disso.
III. JETRO, O SOGRO DE MOISÉS
Moisés, ao fugir do Egito (Ex 2.11-15), foi abrigar-se em Midiã, parando à beira de um poço. Sete filhas de Jetro vieram tirar água para os rebanhos de seu pai. Vindo os pastores, expulsaram-nas. Moisés interveio a favor delas, dando de beber ao rebanho. Jetro, assombrado com o rápido regresso de suas filhas, ficou inteirado da oportuna intervenção do egípcio. Em gratidão ofereceu sua hospitalidade a Moisés. A permanência na casa de Jetro, conduziu Moisés ao matrimônio com Zípora, uma de suas filhas.
1. Doutrinado por Moisés: Jetro descendente de Abraão (Gn 25.1-4), ainda não era monoteísta. Sua declaração: “Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses...” (Ex 18.11), significa que ele agora reconhecia Jeová como o único e verdadeiro Deus. Se Moisés não tivesse fugido do Egito, seguindo para Midiã, é bem provável que Jetro jamais viesse a ser conhecido fora daquela parte do país. Todavia orientado pelo genro tornou-se parte da História Sagrada.
2. Influenciado pelo testemunho de Moisés: O bom testemunho de Moisés muito contribuiu para influenciar o seu sogro. Diz a Bíblia que Moisés era conhecido como o homem mais manso da terra (Nm 12.3; At 7.22), um notável elogio a quem possuía tanta autoridade. Sua mansidão, seu caráter e zelo pelas coisas divinas, sua vida de santidade, influenciaram a seu sogro Jetro. O Espírito Santo inspirou os escritores do Novo Testamento a escreverem o nome de Moisés noventa e nove vezes. O apóstolo Paulo, em uma de suas epístolas, diz que somos caratas abertas para o mundo (2 Co 3.3). Que o nosso testemunho possa levar muitas vidas à Cristo e outras a se dedicarem no santo trabalho do Senhor (At 10.22).
3. Servindo a Deus com Moisés: Durante quarenta anos Moisés habitou em Midiã como pastor (At 7.30). Cremos que durante esses anos, repartiu com o seu sogro os seus conhecimentos sobre Deus. Ao final dos quarenta anos, Deus o chamou no meio da sarça ardente, para libertar os hebreus da escravidão dos egípcios, obtendo a aprovação de Jetro (Ex 4.18-20).
IV. JETRO, O SÁBIO CONSELHEIRO
1. O que é um conselho: A palavra conselho é de origem latina consiliu, que significa parecer, opinião sobre o que convém fazer.
2. A oportunidade do conselho (Ex 18.13-16): Jetro viu que Moisés gastava o dia todo no atendimento ao povo, que era de aproximadamente de um milhão e meio de almas. Atender a essa gente toda era trabalho maior que a resistência de um homem. Muitos obreiros nos nossos dias estão trazendo para si compromissos que se acumulam de tal modo, tornando inviável a sua execução e causando prejuízos à causa de Cristo. A intenção pode ser a melhor possível, mas não devemos esquecer que somos humanos, sujeitos ao cansaço físico e mental. Vide o exemplo de Jesus e de Epafrodito (Mc 6.31; Fp 2.25-30). Não é pecado descansar. Quantos, que por negligenciarem o descanso do seu corpo e os cuidados com sua saúde, têm tido um ministério reduzido.
3. A exposição do conselho (Ex 18.19-24): Após analisar o desempenho da atividade de Moisés, disse-lhe: “Não é bom o que fazes” (Ex 18.17). Iniciou, então, pela sua experiência, apresentando ao seu genro um plano administrativo, onde Moisés deveria apresentar a Deus os problemas nacionais e de ordem geral, a fim de evitar o seu desgaste, pois as questões particulares, as divergências pessoais não deviam ocupar o tempo que ele devia dedicar a assuntos de maior importância (v 19). Em seguida sugeriu-lhe três medidas importantíssimas: 1) Ensinar o povo os “estatutos e as leis”. O povo deveria aprender a as leis para que pudesse observá-las. Quantas dificuldades encontramos hoje, no sentido de desenvolver um bom programa nas nossas igrejas por falta de pessoas que conheçam a Palavra de Deus (Sl 119.7,26,27,55,56,111,112). 2) O líder tem que ser o exemplo para os liderados. Tem de estar pronto a mostrar com o seu exemplo “o caminho que devem andar e a obra que devem fazer” (v 20). Vide o ensino de Paulo (1 Tm 4.12; Tt 2.7). 3) A liderança consiste na distribuição de responsabilidades e na designação de tarefas (v 21). Moisés, como líder, tinha a responsabilidade de descobrir homens com as seguintes qualidades com os quais dividiria as tarefas: a) ”homens capazes”; b) “homens tementes a Deus”; c)”Homens comprometidos com a verdade”; d) Homens que aborrecem a avareza”. As exigências continuam as mesmas para escolha dos companheiros que ajudarão os nossos líderes (At 6.1-4; 2 Tm 2.2). Quantos nos dias atuais estão procurando posição e vantagens, sem possuir as qualidades acima mencionadas.
4. A eficácia do conselho (Ex 18.23): Que sabedoria! Que prudência! Humildemente pede ao genro que submetesse todo o plano para apreciação e aprovação de Deus. Era um reconhecimento que muito acima de suas experiências estavam os propósitos e vontade de Deus. Não se considerou autossuficiente. Que belo exemplo para nós, que temos responsabilidade na Igreja de Deus (Pv 26.12; 1 Co 1.31; 2 Co 10.17,18).
Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 3º/ 1991
Comentarista: Adilson Farias Soares
Tema Central: Personagens do Antigo Testamento